Depois de uma vitória histórica para o Brasil no WCT de Bells Beach, Austrália, e um vice-campeonato na última semana no Rio de Janeiro, o paulista Adriano de Souza, 26 anos, assumiu a liderança do ranking mundial da ASP e lidera o pelotão na corrida pelo título mundial.

A partir do dia 2 de junho, Mineirinho vai defender a ponta do ranking nos perfeitos tubos de Fiji, onde acontece a quarta etapa do Circuito Mundial. No ano passado ele já mostrou boas atuações por lá e ficou com a quinta colocação nas condições épicas de Cloudbreak.

Enquanto a imprensa mundial coloca seus holofotes sobre os talentos da nova geração brasileira, vale lembrar que Adriano é o principal deles atualmente quando o assunto é competição. Apesar da pouca idade, atingiu uma maturidade no surf competitivo que pode torná-lo favorito contra qualquer adversário, em qualquer tipo de onda ou condição no WCT.

Como sempre, o atleta é exemplar quando o assunto é foco e concentração. Ele ja está em Fiji e optou por chegar mais cedo para entrar em sintonia com as ondas do pico e livrar-se do jet lag.

Diretamente de Tavarua, confira abaixo a entrevista com Adriano de Souza e acima o vídeo com uma prévia do que vem por aí neste campeonato.

Adriano de Souza, Volcom Fiji Pro 2012, Cloudbreak, Fiji. Foto: © ASP / Kirstin.

Adriano de Souza esbanjou habilidade e técnica na última edição do evento em Fiji. Foto: © ASP / Kirstin.

O surf brasileiro no Circuito Mundial melhorou exponencialmente e você claramente teve grande parte nisso, principalmente inspirando a nova geração. Quão importante é para você servir de exemplo para a próxima geração de brasileiros no Tour?

Com certeza, me sinto orgulhoso de ser capaz de mostrar meu profissionalismo dentro do esporte fazendo parte desta nova geração no topo do mundo. Acredito que o Brasil está bem representado no WCT e espero que continue assim até o final do ano.

Muito se fala sobre os jovens brasileiros como Gabriel Medina, Miguel Pupo, Filipe Toledo e Alejo Muniz, principalmente sobre como o surf deles é progressivo, mas suas técnicas de aéreos foram bem aperfeiçoadas ao longo dos últimos anos. Você olha para a geração mais jovem do que você para se inspirar nas manobras progressivas?

Eles são minha fonte de inspiração. Filipe e Gabriel estão liderando o grupo da nova geração, sem falar no Alejo, Raoni e Miguel, que estão entre os melhores surfistas de linha.

Esta não é a primeira vez que você está no topo do ranking, já que a mesma situação aconteceu em 2011, depois da etapa brasileira. É muita pressão ser o líder do ranking mundial? Agora, que já não é a primeira vez que você está nesta posição, você se sente mais confortável?

Estou bastante calmo. Sei que é muito difícil manter o que venho fazendo, mas pode ter certeza que irei colocar 100% do meu esforço para que isso aconteça.

Levando em consideração que nenhum brasileiro nunca venceu um título mundial, você sente que há mais pressão para ser o primeiro?

Não sinto pressão. Só quero ser o campeão. Posso ser o segundo ou terceiro brasileiro a vencer este título, isto não importa muito para mim, o meu objetivo é vence-lo e espero fazer isto.

Você fez finais nos últimos dois eventos. Isto aumenta sua confiança para competir me Fiji?

Definitivamente estou passando por um bom momento na minha vida e a confiança tem seu papel, mas sinto que excesso de confiança pode sair pela culatra. Me sinto como se tivesse apenas a quantidade certa neste momento. Fiji será um evento difícil e espero que possa fazer bem o que estou me propondo.

No ano passado, o campeonato de Fiji foi um grande evento para você. Você terminou na quinta colocação e teve uma bateria incrível contra o CJ Hobgood. Quais são seus pensamentos e antecipações para Fiji este ano?

A competição contra o CJ no ano passado foi realmente incrível, considero ele um dos favoritos para vencer este evento. Ele tem um estilo muito agressivo de surfar a esquerda de Cloudbreak. Na bateria do ano passado, senti que desenvolvi um novo nível de maturidade tendo perdido daquele jeito. Se isto acontecer novamente, provavelmente não darei chances a nenhum surfista do mesmo calibre do CJ.

Entre Bells e o Rio, você passou algum tempo na Indonésia e encarou condições pesadas e tubulares. Você acha que isto te dá alguma vantagem para competir em Fiji?

Certamente, é sempre bom ir para a Indonésia, curtir aquelas ondas perfeitas e surfar mais de seis horas por dia. Isso me deu muita confiança para a etapa do Rio, mas agora Fiji é o próximo passo. Quero voltar com um ótimo resultado para todos meus torcedores no Brasil.

O que você está fazendo para se preparar para o próximo evento?

Tive 20 dias intensos no Rio de Janeiro e depois poucos dias para descansar, mas decidi vir a Fiji um pouco mais cedo para me livra do jet lag antes da competição começar.

Ranking do WCT 2013 depois de três etapas

1 Adriano de Souza (BRA) – 18.500 pontos
2 Jordy Smith (AFR) – 18.250
3 Mick Fanning (AUS) – 18.200
4 Kelly Slater (EUA) – 16.950
5 Taj Burrow (AUS) – 15.700
6 Nat Young (EUA) – 13.750
7 Filipe Toledo (BRA) – 12.150
8 Joel Parkinson (AUS) – 11.500
9 Michel Bourez (TAH) – 11.000
10 Gabriel Medina (BRA) – 10.000
22 Willian Cardoso (BRA) – 5.700
23 Raoni Monteiro (BRA) – 5.000
26 Alejo Muniz (BRA) – 4.000