O Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons, entra para a história do campeonato que está completando 40 anos em 2011. Para muitos, foram as maiores e melhores ondas de todos os tempos. Certamente foi o único finalizado logo nos três primeiros dias do seu prazo de realização.
Um swell épico bombou tubos de 12 a 15 pés na quinta-feira em Banzai Pipeline e continuou desafiador com 8 a 12 pés na sexta-feira. No sábado baixou um pouco, para 6 a 8 pés, com as direitas do Backdoor também entrando em cena para fechar com chave de ouro mais uma temporada do ASP World Tour no templo sagrado do esporte no Hawaii.
Foi em um tubo difícil e grande, no Backdoor, que o veterano Kieren Perrow, 34 anos, arrancou uma nota 10 dos juízes para confirmar a classificação para a sua segunda final consecutiva no Billabong Pipe Masters. No ano passado, ele perdeu a decisão para o francês Jeremy Flores, 23, mas neste ano parecia abençoado.
Surfou tubos incríveis nas esquerdas de Pipeline e nas direitas do Backdoor, para ganhar a final australiana contra Joel Parkinson, 30, a semifinal com a nota 10 sobre o taitiano Michel Bourez, 25, numa bateria quase sem ondas e a quarta de final contra o brasileiro Gabriel Medina, 17, que só conseguiu surfar uma onda.
“Não me conformo até agora com a derrota do ano passado. É muito bom voltar aqui e poder vencer. Foi um grande evento, com ótimas ondas, mesmo hoje (sábado), foi simplesmente fantástico. Ondas fenomenais, como nunca tinha surfado Pipe em toda a minha carreira. Foi tudo muito bonito, o ápice para mim”, comemora Kieren Perrow.

Como prêmio, nada melhor do que receber em mãos a prancha do mestre Gerry Lopez (à esquerda). Foto: © ASP / Cestari.
Festa havaiana – Kieren Perrow foi mortal no último dia de ondas menores, mas de tubos adrenalizantes ainda no maior palco do esporte. Foi a primeira vitória da sua carreira no ASP World Tour, mas a festa no pódio não foi só australiana. Quando derrotou Michel Bourez na semifinal, acabou confirmando a Tríplice Coroa Havaiana para o jovem havaiano John John Florence consagrar-se como o mais jovem campeão da história, com apenas 19 anos de idade. O título seria do taitiano se ele passasse para a final e Bourez ainda tiraria o brasileiro Adriano de Souza do seleto grupo dos top-5 do ASP World Title Race 2011.
Mineirinho permaneceu atrás do onze vezes campeão mundial, Kelly Slater, do quatro vezes vice-campeão, Joel Parkinson, de Owen Wright e Taj Burrow. E John John foi premiado pelas grandes apresentações em Banzai Pipeline, ganhando duas das três notas 10 do campeonato e o imbatível placar de 19.10 pontos. Era o favorito ao título do Billabong Pipe Masters e aplicava uma segunda combination em Kelly Slater, de 16.70 pontos nas quartas de final.
Só que em 2 minutos, o melhor do mundo conseguiu uma virada fantástica com tubos notas 9.70 e 7.83 no Backdoor, para ganhar por 17.53 pontos a melhor bateria do dia.
Vice-campeonatos – Mas, Slater provou do próprio veneno na semifinal, quando Joel Parkinson reverteu o resultado também de forma sensacional. O australiano era o atual bicampeão da Tríplice Coroa Havaiana e lamentou ter perdido sua segunda final seguida. Na etapa passada, também ficou em segundo contra o brasileiro Gabriel Medina em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos.
“É duro perder, porque você só tem um cara para bater e você bateu tantos, mas final é sempre mais difícil de vencer. Mas, não existe ninguém mais merecedor do que o Kieren (Perrow). Ele é um mestre verdadeiro em tubos, um dos melhores surfistas lá fora, então eu estou feliz também pela vitória dele”, diz Joel Parkinson, que também amargou seu quarto vice-campeonato mundial, como em 2002, 2004 e 2009.
Parko começou o dia despachando o havaiano Jamie O´Brien, mas seu melhor momento foi na semifinal com Kelly Slater, 39 anos. O australiano precisava de 8.21 pontos quando restavam poucos minutos para o término da bateria e conseguiu um tubo de backside para ganhar nota 8.60 e a passagem para a final. Slater repetiu o terceiro lugar do ano passado e manteve os seus 64.200 pontos na eterna liderança do ASP World Ranking.

Apesar da bela apresentação, novamente Joel Parkinson termina como vice, do campeonato e da temporada. Foto: © ASP / Kirstin.
Tríplice Coroa – Quem também saiu lamentando bastante do mar no último dia foi o outro surfista barrado nas semifinais, Michel Bourez. Ele ficou a um passo de herdar o cobiçado título da Tríplice Coroa Havaiana do bicampeão Joel Parkinson. Mesmo assim, o terceiro lugar no mar épico do Billabong Pipe Masters 2011 foi o melhor resultado do taitiano na temporada. O troféu de melhor surfista nas três etapas que fecham o ASP World Tour no Havaí ficou para John John Florence, que com 19 anos é o mais jovem campeão da história.
“Estou muito feliz. Eu surfo estas ondas a minha vida inteira e vi todo mundo aqui competindo ao longo dos anos, então estou feliz que venci também. Ter o meu nome gravado no troféu com toda essa gente que ganhou ao longo dos anos, é incrível, quase inacreditável. Eu só quero agradecer a minha mãe, ao Pancho Sullivan, o John Pyzel e todos os meus patrocinadores. Obrigado a todos!”, retribui Florence.
ASP Dream Tour 2012 – A temporada acabou, Kelly Slater onze vezes campeão mundial e uma nova corrida do título mundial já está confirmada para começar em fevereiro na Austrália, no Quiksilver Pro da Gold Coast, de 25 de fevereiro a 7 de março em Queensland. O Brasil permanece sediando a terceira etapa da temporada também no ASP World Title Race 2012, com a arena principal do Billabong Rio Pro novamente instalada na Barra da Tijuca, entre os dias 9 e 20 de maio no Rio de Janeiro (RJ).
O campeão do Billabong Pipe Masters, Kieren Perrow, confirmou a última vaga que ainda estava em jogo no grupo dos 32 que o ASP World Ranking indica para a elite do Dream Tour. Além destes, a ASP convida dois atletas para completar os top-34 que vão iniciar a corrida do título mundial em 2012. Entre os classificados pelo G-32, o Brasil forma o segundo maior pelotão com os sete surfistas que fecharam este ano, junto com os Estados Unidos.

Michel Bourez como sempre cresce de performance em ondas pesada e passa perto do título. Foto: © ASP / Cestari.
Rotação da elite – Os norte-americanos conseguiram igualar o número de brasileiros com a entrada do jovem Kolohe Andino e a volta de CJ Hobgood na rotação da elite do fim da temporada. CJ tinha saído na do meio do ano, mas já recuperou sua vaga entre os tops do ASP Tour, assim como Adam Melling. A diferença é que o australiano acabou participando de todas as etapas, substituindo algum contundido. Essas foram as três únicas mudanças no grupo dos 32 para o ano que vem.
No ranking unificado da ASP, que registra os resultados do Dream Tour e também das etapas do ASP World Prime e do ASP World Star, o brasileiro mais bem colocado em 2011 foi o jovem Gabriel Medina, 17 anos, em quarto lugar. Ele é uma das novidades da rotação de meio de ano, junto com Miguel Pupo, 19, e John John Florence, 19. Só participou de cinco etapas do ASP Tour e ganhou duas, sendo apontado como novo fenômeno do esporte.

Gabriel Medina surfa Pipe pela primeira vez na vida e encerrada o campeonato com um honroso quinto lugar Foto: © ASP / Cestari.
Pelotão brasileiro – Os sete representantes do Brasil entre os melhores surfistas do mundo são Gabriel Medina (4º lugar no ASP World Ranking), Adriano de Souza (6º), Alejo Muniz (9º), Heitor Alves (16º), Miguel Pupo (17º), Raoni Monteiro (21º) e Jadson André (27º). Além dos brasileiros, dos também sete norte-americanos capitaneados por Kelly Slater e dos onze australianos, completam o grupo do ASP World Title Race 2012 dois havaianos, dois sul-africanos, um taitiano, um francês e um português, Tiago Pires.
Billabong Pipeline Masters 2011
Resultados
1 Kieren Perrow (AUS)
2 Joel Parkinson (AUS)
3 Michel Bourez (TAH)
3 Kelly Slater (EUA)
5 Gabriel Medina (BRA)
5 John John Florence (HAW)
5 Evan Valiere (HAW)
5 Jamie O’Brien (HAW)
13 Adriano de Souza (BRA)
25 Jadson André (BRA)
25 Raoni Monteiro (BRA)
25 Miguel Pupo (BRA)
37 Willian Cardoso (BRA)
Top-10 do ASP World Title Race 2011 – 11 etapas
Campeão - Kelly Slater (EUA) – 68.100 pontos
2 Joel Parkinson (AUS) – 56.100
3 Owen Wright (AUS) – 47.900
4 Taj Burrow (AUS) – 45.700
5 Adriano de Souza (BRA) – 44.950
6 Michel Bourez (TAH) – 38.650
7 Jordy Smith (AFR) – 38.250
8 Josh Kerr (AUS) – 37.750
9 Julian Wilson (AUS) – 37.100
10 Alejo Muniz (BRA) – 31.850
12 Gabriel Medina (BRA) – 28.700
17 Heitor Alves (BRA) – 24.900
22 Jadson André (BRA) – 21.400
29 Raoni Monteiro (BRA) – 15.200
36 Miguel Pupo (BRA) – 7.250
G-32 do ASP World Ranking para o Dream Tour 2012
1 Kelly Slater (EUA) – 64.200 pontos
2 Joel Parkinson (AUS) – 52.100
3 Taj Burrow (AUS) – 48.450
4 Gabriel Medina (BRA) – 47.070
5 Owen Wright (AUS) – 46.150
6 Adriano de Souza (BRA) – 45.900
7 Julian Wilson (AUS) – 43.945
8 Jordy Smith (AFR) – 42.100
9 Alejo Muniz (BRA) – 38.600
10 Michel Bourez (TAH) – 38.100
11 Josh Kerr (AUS) – 37.370
12 Damien Hobgood (EUA) – 33.220
13 John John Florence (HAW) – 32.855
14 Mick Fanning (AUS) – 30.600
15 Jeremy Flores (FRA) – 30.320
16 Heitor Alves (BRA) – 30.145
17 Miguel Pupo (BRA) – 30.055
18 Adrian Buchan (AUS) – 27.030
19 Kieren Perrow (AUS) – 27.000
20 Bede Durbidge (AUS) – 26.900
21 Raoni Monteiro (BRA) – 25.660
22 Brett Simpson (EUA) – 25.650
23 Adam Melling (AUS) – 25.450
24 Kolohe Andino (EUA) – 25.245
25 Tiago Pires (PRT) – 24.450
26 CJ Hobgood (EUA) – 24.300
27 Jadson André (BRA) – 23.640
28 Matt Wilkinson (AUS) – 23.600
29 Patrick Gudauskas (EUA) – 23.020
30 Dusty Payne (HAW) – 22.505
31 Travis Logie (AFR) – 22.325
32 Taylor Knox (EUA) – 21.900
——ficaram de fora dos 32 e saíram da elite:
33 Kai Otton (AUS) – 21.650 pontos
34 Fredrick Patacchia (HAW) – 21.570
36 Chris Davidson (AUS) – 19.250
42 Daniel Ross (AUS) – 15.700
68 Dane Reynolds (EUA) – 8.620